Existem, sem dúvida alguma, pessoas que convivem bem com o avançar da idade. Outras passam por essa fase de uma forma mais complicada, não gerindo bem as chamadas “dores da idade”. Eu sou dos últimos. Lembrei-me de escrever estas parcas palavras sobre este assunto quando, na minha caminhada nocturna, ouvi a canção “Hier encore”, magistralmente cantada por Charles Aznavour. Uma canção com uma letra simples, dirão uns, uma letra que apenas poderia ser escrita por alguém que “sente”, e sente-se tão pouco nos dias de hoje, dirão outros. Mas, relativamente à letra, destacaria – erro meu destacar algo que só faz sentido no seu conjunto, impecavelmente contextualizado – a parte que refere: “[…] Ainda ontem, eu tinha vinte anos. Mas perdi o meu tempo, A cometer loucuras, Que no fundo não me deixam, Nada de realmente concreto, Além de algumas rugas na fronte, E o medo do tédio. […]” O percurso de vida que temos, cada um de nós, mais tarde ou mais cedo acaba por...