Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta mar

Luto

  Quantas vagas galgas-te, pescador? Quantas noites ao frio e à chuva. Quantos tormentos teu coração calou. Quantos gritos a tua voz abafou. Quantas preces dirigidas à Senhora. Quantos minutos que pareciam horas. Quantas mulheres ficaram de preto vestidas. Quantas ondas serão precisas para calar a tua dor.

Gaivota

Imagem
Vi o teu olhar choroso. Juro que vi, que me emocionei. Juro que me apeteceu perguntar ao mundo porque que te tinhas ferido. Vi as tuas asas quebradas, inúteis, deitadas na areia da praia Juro que pensei que te podia salvar. Juro que te ouvi dizer, ajuda-me. Juro que te quis ajudar, mas como? Depois veio o mar e reclamou-te. E eu impotente vi o teu pequeno corpo cinzento e branco desaparecer na espuma do teu sustento.  

Mar salgado

  Que sinto eu pelo sabor do teu sal? Sinto talvez a nostalgia dos tempos passados. Dos barcos por entrar na praia, Das mulheres ajoelhadas à espera, Dos meus sentimentos reprimidos, De todos os gritos que ficaram mudos, De todas as ondas que passaram, fortes, altas, ruidosa e brancas, Do vento que nos cresta a face, E finalmente, dos olhos deles lá, a olharem para cá, sem saberem quando e como.

O Mar

Imagem
  O Mar salta na areia, sem parar. O Mar galga as pedras, sem temor. O Mar sopra na espuma, ventania. O Mar engole o homem, sem pudor. O Mar cansa-nos com o seu sal. O Mar cheira e sabe a sal. O Mar cobre-nos de vida, porque alimenta. O Mar alarga os horizontes. O Mar justifica o horizonte. O Mar é canção que não cala. O Mar, o nosso Mar, é tão diferente. O Mar, somos nós e ele.   Até que o Mar bateu à porta e num instante o seu corpo se deitou inerte no seu leito de amor.